quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

I - A caixinha de música de pandora



Nada direi
Palavras são erros
Prefiro outras maneiras
De se errar.
***
Deveras verás
Pela primeira vez
A primavera veraz
Que veraneia voraz
No vôo do devaneio.
***

Carregar o caminho
Por detrás dos olhos
E não criar grades
Como se fossem véus de luto.
Enxergar a chuva que encharca
O caminho que teus olhos vêem
E pisam teus pés,
Sem deixar-se atolar na lama
Nem impedir que a chuva o molhe por completo.
Mas ainda assim manter sempre
A mesma convicção inviolável
De que o verdadeiro caminho
Está atrás dos olhos.
*****
A verdade
Tem olhos vermelhos
E seus beijos demoram
A chegar ao céu.
*****
Junto com J.B
Crianças estão descendo os degraus azuis
Vem cantando para o sol
O sol está como uma criança
Lá no alto do veludo do céu...
Por onde as crianças passam...
Toda magia do meu caminho
Toda trilha do meu destino
Toda luz de labirinto
Seja infinita
Enquanto dure.
Uma montanha adormece
O vento da noite vem beijá-la
O mago espalha estrelas
Lá no alto do veludo do céu...
Por onde as crianças passam...
Essas crianças nunca foram tão felizes
Juntas.
***
A janela do mar
Os olhos da menina
Sozinha no jardim
Prontos a serem borboletas
Voarem de volta para o céu
E colorir a aurora.
Na aurora de pandora
Piscam símbolos
E a carruagem real
Carregando risos e guizos
De clown’s augustos
Atravessando linhas invisíveis
Cordões de prata
Que seguram o céu
Lá em cima

***

Só o rock é real
Todo o mais é mera contingência

***



O segredo do universo
EUS:
EIS
DEUS.



***
Poema Proêmio de uma nova vida
Só quero voar na brisa
Sóbrio
Pro resto da minha vida.
Fazer da minha boca
Uma igreja
E do beijo,
Uma bíblia.
Me ter com você
Pro resto da minha vida.
***
Com templo
Ou sem templo
Contemplo
O tempo
Que tenho.
***
O pastor das cabras
Refugiei-me
Num vale encantado
Que para mim
Ele vale mais que tudo
Mas que para muitos
Ele só pode valer nada.
Poder pedir
É estar entre nós.
Mas o caminho
Que conduz à porta
É solitário.
Eu sou a porta
Se alguém entra por mim
Será salvo.
Alvo
Como a neve
Lótus num terreno baldio.
Cabras balindo
Por um vale encantado.

***

Bem-te-vi
Mau me viu
Foi se embora.



***
Amor
Amor tecedor
Amor tece dor
Amortece dor
Amortecedor
A morte cedo r
***
Eu Kiss te beijar
Você também Kiss
Na hora do beijo
Todas as línguas
Falam o mesmo
Idioma.
¨¨¨¨
Nessas ruas
Onde passam meus passos
Estofadas de lembranças
E rostos
E tempos...
Em todas elas
Se perfume dança no ar
E as ruas são estranhas
Entranhas eternas
Que a chuva da noite decidiu beijar.
Você
É um pedaço de transcendência
E na palma da minha mão
Cabe um universo infinito
Essa linha do destino,
Sua morada,
Minha namorada.
Às vezes
Procuro na voragem
Das janelas de ônibus
Um rosto, ou um sorriso
Mas só encontro você.
Na rua do amor
Tão sozinho
Um coração partido,
Colorido,
Você me encontrou.
***
Intimada II
Quando é
Que nossos sorrisos
Se encontrarão num
Beijo?
***
Brisa macia
Que entra pela janela dela
E a inspira sonhar
Doce brisa chapante
Sussurre nesse instante
O password daquele olhar.
****
Já é quase primavera
O vento já não é mais
O mesmo vulto cabisbaixo
Eu vou com os passos
Que aprendi com você
E deixo o frio miraculoso
Me abraçar.
Sorrisos se encontram
Cósmicos
Mãos dadas
E passos que se fazem companhia
Na linha sagrada do destino
Inimaginável destino
Beijo infinito
Tatuado à magia
Na palma das duas mãos
Que serão uma só.
O vento
Silencioso
Pede um beijo para alameda
Passeia entre seus cabelos
E todas elas
Belas florescem
Nos jardins
E nas calçadas de concreto
Tulipas e amores-perfeitos
Entre seus cabelos
Já é quase primavera.
E o banco do último ônibus
Muito louco de alegria suspirará
Bem baixinho:
“Maldito seja Rimbaud!”
***

Pelas esquinas brilhantes
Anda delirante
Seu sorriso de céu de diamantes.
Seus olhos passam rebolando
Chapados de nem sei o que.
No fundo deles
Cores eletrônicas
Pulsam piscando
Os desejos incontidos
Dentro de sua vida e da sua saia
De tele transporte é mais rápido veja:
Já chegamos.
Olhe ao redor, incensos, peppermint’s
Frutas de neon nos supermercados
Todos sendo saqueados
Nesta madrugada maluca.
Estrelas num astrolábio cabuloso
Caleidoscopiando
Espalhando sementes
Como um pássaro que os binóculos não vêem.
Queria que esse meu encanto tocasse
Num piano Rhodes de nuvens roxas
A pele do teu rosto fluorescente
Sorrindo abertamente
Pelos campos urbanos
Como uma floricultura da flower-power co.
Beijos com eco
Olhares com deelay
Nem sei dizer o que sei.
Os carros decidiram
Ficar todos oblongos.
Cada rua dentro daquela grande maçã
Como uma minhoca listrada de anil
Aquelas artérias entupidas
De suco de laranja artificial
Engarrafamentos de garrafas pet
Rio de refri cola
Não quero vinho!
Não quero vinagre!
Quero a cidra sideral!
Ó Octópolis!

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