sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

II - Imemorial incese diary ( Ou O livro das horas)


Horas de insone amor

Murmurando na noite

Segredam quietas

Os pedaços do adeus.

Obrigado Deus

Por este pedaço

- Ainda que pequeno -

De céu nessa noite.

**************

(Um sonho pesadélico)

Entrei por um caminho

Que não sei

Em que portão

Ou lugar dará.

Se correr

Junto com os outros

O dono da casa

Saberá que fui eu

Quem apertou a campainha

Estou em um caminho

Que não sei

Para onde vai.

E não mais poderei retornar

É o que sei.

Bem que poderiam

Muito bem carpir podar de vez em quando

Este lugar

Olhe: mal consigo

Seguir em frente.

Pensei que poderia

Derrepente

VOAR

E ter o céu como caminho...

Ainda não aprendi a voar

Mas quem sabe

Com algumas aulas práticas

De uma coisa eu sei

Não será prendendo a respiração

Até ficar roxo...

************

As ruas dessa cidade

Caligariana

São as mesmas ruas

Sempre presentes

Entrópicas

Por onde escoa

Um tempo que não existe.

O caos é de açúcar

E derrete

Doente

Adeus ruas

Sentirei falta do acaso

Que aconteceu

Não por acaso,

Do desencontro,

Da solidão do vento

Levando sacolas de supermercado,

Junto comigo e o sol embora;

Do uniforme artificial

Que me camuflava de cinza,

Das ruas que não existem mais.

O céu é sempre mais bonito

Do outro lado

Estou triste com minhas lágrimas

Inexistentes

E junto com elas

Não existo mais

Até que o sol volte ao seu lugar.

****

Sente-se na cadeira

Os outros serão sempre o reflexo

De seu abismo que te puxa pelo pé

De volta para onde não quer

A cadeira tem quatro pés

E as ruas dessa cidade caligariana

Onde vejo passarem pessoas

Andando em círculos

Carregando seus universos

Paralelos

São círculos entrópicos

Enquanto Atlântida

Não se submerge

E não chega o outro sol

Revelando a carta Universo

A última de todo o baralho

Estamos no fim de um ciclo sob Shiva

Dividindo as ruas da mesma cidade

A única maneira de escapar

É quando o céu está limpo

Através das estrelas

Cada vez mais

Até o infinito

E nas asas de um anjo azul ainda que um anjo confuso

Vamos...

... Ao encontro do que nunca me separarei...

***********

Aqui deste meu lado

A solidão é azul

Os dias são feitos de glória

E as nuvens passam devagar

Folhas de um calendário inexistente

Que para fora da janela

O vento vai levar

*****

Aqui está a chave

Aqui está o segredo

Abra as portas

Da percepção

Saque o som do cosmo

Desvende sem ter medo

Veja com a terceira visão

Olhe para mim

Olhe ao seu redor

Isso tudo faz parte de nós

A chave do universo

Se encontra no ser

Oculto poder absoluto

*********

“Envolto em minha solidão

Sigo

Uma lágrima do tamanho

De um coração

Alojada em meu peito

É o vento e nada mais

O segredo

Incontido no ser

No sentimento

No pensamento

O segredo é muito simples

O segredo é insondável

E escrevendo

Sob a meia-luz da minha solidão

Sinto vibrações desse segredo

Querendo irromper de meu coração

Para o mundo afora”

*******

Estrelas perdidas

No azul de sonho distante

Sonoras

Aparecem sincrônicas

Através da miragem

Em olhos profundos

Que se perdem calados

Na fresta entre os mundos

Gêmeos siameses

Cósmica solidão

Silêncio sem nome

Sem fim

Sem sentido

Apenas silêncio

O inesperado silêncio

De todo Universo

******

“É claro que sou livre

Vivo sem fronteiras

Sem lenço sem documento

Sem nome e sem bandeiras”

***

Nenhum lar no tempo

Quero me esquecer

Confundir-me em meu silêncio

E nele desaparecer

Sem nome

Sem fim

Quero arrebatar-me

Inexplicar-me, inimaginar-me

Tirar-me por inteiro de mim

Sem pensamentos

Sem palavras

Talvez ser um desses sentimentos

Que não se podem explicar...

(...)

“Sei que posso

Querer ser nada

E ter em mim

Todos os sonhos

Deste e de outros

Mundos”

***

Devolvo

Devolvo e espero

Esses são dias derradeiros

O início de Aquário

Meu mundo nunca mais

Voltou a ser o mesmo

Depois que uma porta

Se abriu na testa

Centúrias se cumpriram

E aqui estou

Você foi embora

Numa nuvem hare-rarefeita

E nunca mais voltou

Devolvo

Sua ausência hermética mesmo

Sem nunca existires

Me perdi

Para nunca mais voltar

Mas se existe telepatia

Você agora vai me escutar

Meu bem

Sou como Gracchus no rio pro mar da morte

Desisti

Meu choro agora

É uma pantomima

****

Ela não tem nome

Os ônibus não passam tão rápido

Que eu não possa a ver

Em todas as esquinas

Sorrindo.

Tenho que recolher com a pasinha

Os pedaços espalhados

Em todos os lugares

De meu coração.

Muitas meninas sorrindo

Em ruas distantes

Quero um beijo

E um abraço.

Não posso adiantar

Nem muito menos adiar

O destino

Ele só poderá caber

Numa linha perdida

Na palma da minha mão.

Dialético

Lírico, mas dietético,

Se dissolve

E se deposita

Pelas ruas onde passo

Levando meu sorriso de luz,

E como um carteiro

Fujo dos cachorros

Mas tenho agora

Mais sorte

E azar no jogo.

****

Eu estou em você

Você está em mim

Em sonhos em segredos.

Planetas e galáxias respiram

E pulsam em você, meu pequeno infinito.

Inexplico-te, me torno-te

E ainda sou eu

Ainda.

****

Que se abra

Como uma flor

Para o universo

Em expansão

Juntos

Para o reencontro

Eterno.

*****

“Os dias aqui deste meu lado

Passam gloriosos

E melancólicos

O destino e o acaso

Para sempre

Serão o mesmo descaso”

****

(Um espelho mágico)

A fechadura na testa

Do reflexo fechado

Orfanato estranho

Esotérico

Com dias distantes e longos

Entre a compreensão maior

E a falta de rumo

Ante ao destino quântico

Das mirações infinitas

O outono fenece langoroso

Resplandece

Em reflexos desconexos

Das ruas tristes

Dessa cidade abandonada

Sem você

Sem mim

(Olhos mágicos

No espelho mágico

Desvendam...)

Desculpe

Eu e meu silêncio

Somos uma pessoa só

Nesse universo

De cristal

Vou guardá-lo em minha mala

E ir embora nessa viajem

Sem volta

Astral

****

As luzes se distraem

Na ausência estranha

Da noite em que vou

Me libertar.

Minha mente não diz nada

Eu só queria

Ver você aqui

Do meu lado

Um sorriso engraçado

Um sonho perfeito

De cada lado

Calado.

Não diga mais nada

Deixe que o silêncio

Se cale por mim

E que o tempo me leve

Leve, de encontro a você.

***

Espere

Eu ainda não fiz

O poema mais belo.

Mas estou disposto

Se você me der inspiração.

As luzes se distraem

A ponte espera pela imagem inimitável

De nós dois se abraçando

Todas as estrelas no céu

All-staresflutuando sobre a avenida.

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