Horas de insone amor
Murmurando na noite
Segredam quietas
Os pedaços do adeus.
Obrigado Deus
Por este pedaço
- Ainda que pequeno -
De céu nessa noite.
**************(Um sonho pesadélico)
Entrei por um caminho
Que não sei
Em que portão
Ou lugar dará.
Se correr
Junto com os outros
O dono da casa
Saberá que fui eu
Quem apertou a campainha
Estou em um caminho
Que não sei
Para onde vai.
E não mais poderei retornar
É o que sei.
Bem que poderiam
Muito bem carpir podar de vez em quando
Este lugar
Olhe: mal consigo
Seguir em frente.
Pensei que poderia
Derrepente
VOAR
E ter o céu como caminho...
Ainda não aprendi a voar
Mas quem sabe
Com algumas aulas práticas
De uma coisa eu sei
Não será prendendo a respiração
Até ficar roxo...
************As ruas dessa cidade
Caligariana
São as mesmas ruas
Sempre presentes
Entrópicas
Por onde escoa
Um tempo que não existe.
O caos é de açúcar
E derrete
Doente
Adeus ruas
Sentirei falta do acaso
Que aconteceu
Não por acaso,
Do desencontro,
Da solidão do vento
Levando sacolas de supermercado,
Junto comigo e o sol embora;
Do uniforme artificial
Que me camuflava de cinza,
Das ruas que não existem mais.
O céu é sempre mais bonito
Do outro lado
Estou triste com minhas lágrimas
Inexistentes
E junto com elas
Não existo mais
Até que o sol volte ao seu lugar.
****
Sente-se na cadeira
Os outros serão sempre o reflexo
De seu abismo que te puxa pelo pé
De volta para onde não quer
A cadeira tem quatro pés
E as ruas dessa cidade caligariana
Onde vejo passarem pessoas
Andando em círculos
Carregando seus universos
Paralelos
São círculos entrópicos
Enquanto Atlântida
Não se submerge
E não chega o outro sol
Revelando a carta Universo
A última de todo o baralho
Estamos no fim de um ciclo sob Shiva
Dividindo as ruas da mesma cidade
A única maneira de escapar
É quando o céu está limpo
Através das estrelas
Cada vez mais
Até o infinito
E nas asas de um anjo azul ainda que um anjo confuso
Vamos...
... Ao encontro do que nunca me separarei...
***********Aqui deste meu lado
A solidão é azul
Os dias são feitos de glória
E as nuvens passam devagar
Folhas de um calendário inexistente
Que para fora da janela
O vento vai levar
*****Aqui está a chave
Aqui está o segredo
Abra as portas
Da percepção
Saque o som do cosmo
Desvende sem ter medo
Veja com a terceira visão
Olhe para mim
Olhe ao seu redor
Isso tudo faz parte de nós
A chave do universo
Se encontra no ser
Oculto poder absoluto
*********“Envolto em minha solidão
Sigo
Uma lágrima do tamanho
De um coração
Alojada em meu peito
É o vento e nada mais
O segredo
Incontido no ser
No sentimento
No pensamento
O segredo é muito simples
O segredo é insondável
E escrevendo
Sob a meia-luz da minha solidão
Sinto vibrações desse segredo
Querendo irromper de meu coração
Para o mundo afora”
*******Estrelas perdidas
No azul de sonho distante
Sonoras
Aparecem sincrônicas
Através da miragem
Em olhos profundos
Que se perdem calados
Na fresta entre os mundos
Gêmeos siameses
Cósmica solidão
Silêncio sem nome
Sem fim
Sem sentido
Apenas silêncio
O inesperado silêncio
De todo Universo
******“É claro que sou livre
Vivo sem fronteiras
Sem lenço sem documento
Sem nome e sem bandeiras”
***
Nenhum lar no tempo
Quero me esquecer
Confundir-me em meu silêncio
E nele desaparecer
Sem nome
Sem fim
Quero arrebatar-me
Inexplicar-me, inimaginar-me
Tirar-me por inteiro de mim
Sem pensamentos
Sem palavras
Talvez ser um desses sentimentos
Que não se podem explicar...
(...)
“Sei que posso
Querer ser nada
E ter em mim
Todos os sonhos
Deste e de outros
Mundos”
***
Devolvo
Devolvo e espero
Esses são dias derradeiros
O início de Aquário
Meu mundo nunca mais
Voltou a ser o mesmo
Depois que uma porta
Se abriu na testa
Centúrias se cumpriram
E aqui estou
Você foi embora
Numa nuvem hare-rarefeita
E nunca mais voltou
Devolvo
Sua ausência hermética mesmo
Sem nunca existires
Me perdi
Para nunca mais voltar
Mas se existe telepatia
Você agora vai me escutar
Meu bem
Sou como Gracchus no rio pro mar da morte
Desisti
Meu choro agora
É uma pantomima
****
Ela não tem nome
Os ônibus não passam tão rápido
Que eu não possa a ver
Em todas as esquinas
Sorrindo.
Tenho que recolher com a pasinha
Os pedaços espalhados
Em todos os lugares
De meu coração.
Muitas meninas sorrindo
Em ruas distantes
Quero um beijo
E um abraço.
Não posso adiantar
Nem muito menos adiar
O destino
Ele só poderá caber
Numa linha perdida
Na palma da minha mão.
Dialético
Lírico, mas dietético,
Se dissolve
E se deposita
Pelas ruas onde passo
Levando meu sorriso de luz,
E como um carteiro
Fujo dos cachorros
Mas tenho agora
Mais sorte
E azar no jogo.
****Eu estou em você
Você está em mim
Em sonhos em segredos.
Planetas e galáxias respiram
E pulsam em você, meu pequeno infinito.
Inexplico-te, me torno-te
E ainda sou eu
Ainda.
****Que se abra
Como uma flor
Para o universo
Em expansão
Juntos
Para o reencontro
Eterno.
*****“Os dias aqui deste meu lado
Passam gloriosos
E melancólicos
O destino e o acaso
Para sempre
Serão o mesmo descaso”
****(Um espelho mágico)
A fechadura na testa
Do reflexo fechado
Orfanato estranho
Esotérico
Com dias distantes e longos
Entre a compreensão maior
E a falta de rumo
Ante ao destino quântico
Das mirações infinitas
O outono fenece langoroso
Resplandece
Em reflexos desconexos
Das ruas tristes
Dessa cidade abandonada
Sem você
Sem mim
(Olhos mágicos
No espelho mágico
Desvendam...)
Desculpe
Eu e meu silêncio
Somos uma pessoa só
Nesse universo
De cristal
Vou guardá-lo em minha mala
E ir embora nessa viajem
Sem volta
Astral
****As luzes se distraem
Na ausência estranha
Da noite em que vou
Me libertar.
Minha mente não diz nada
Eu só queria
Ver você aqui
Do meu lado
Um sorriso engraçado
Um sonho perfeito
De cada lado
Calado.
Não diga mais nada
Deixe que o silêncio
Se cale por mim
E que o tempo me leve
Leve, de encontro a você.
***
Espere
Eu ainda não fiz
O poema mais belo.
Mas estou disposto
Se você me der inspiração.
As luzes se distraem
A ponte espera pela imagem inimitável
De nós dois se abraçando
Todas as estrelas no céu
All-staresflutuando sobre a avenida.
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